sábado, agosto 28, 2010

"Cara de Bunda"

essa historinha aconteceu em 1968, 42 anos atrás, quando estava cursando a Faculdade de Artes Plásticas da FAAP - Fundação Armando Alvarez Penteado, no Pacaembu, em São Paulo, e não sei porque veio a minha lembrança. A FAAP nessa época era totalmente voltada para as artes (ainda não tinha faculdade de engenharia). Cursei Artes Plásticas e depois Comunicação. Nesses anos sob o regime militar, nós os estudantes eramos constantemente convidados a participar de passeatas e de encontros da UNE - União Nacional dos Estudantes. O diretório estudantil, organizava tomadas dos prédios das Faculdades. Na época morava umas 3 quadras da Maria Antonia. E ia a pé até a FAAP. No curso de Artes Plásticas tinham uns cinco alunos homens, eu e mais quatro. O resto era tudo mulher. Lembro de um tal de Caetano. Até hoje tenho um desenho do Che Guevara guardado. Época maravilhosa. Mas, o que me fez escrever essa reminiscência, foi que na frente da Faculdade tinha uma ruazinha sem saída. Nessa pequena rua tinha uma casa onde em uma república viviam algumas meninas vindas de outras cidades e que estudavam em São Paulo. Uma delas se apaixonou por mim e com isso vivemos um romance estudantil. Era tranquilo, eu saia da Faculdade, atravessava a rua e me hospedava na casa das meninas. Até que um dia resolvi dar um basta no relacionamento para o desespero da jovem. Semanas depois desse desfecho, estou tranquilamente assistindo a uma aula na Faculdade de Comunicação (eu estudava de manhã Artes Plásticas e a tarde Comunicação) quando um funcionário da Faculdade entra na sala carregando um enorme boneco feito em "papier mâché"/papel machê, com uma carta que acabei perdendo. Esse boneco ficou comigo por anos até desaparecer misteriosamente. Mas, ficou a lembrança da minha vergonha, quando o funcionário perguntou quem era eu e sob os olhares e risadas da classe toda, veio em minha direção entregando o enorme boneco. O cara de bunda. Um boneco muito engraçado onde a traseira de sua cabeça era uma bunda enorme. Grande, leve e supercolorido. A carta contava que ela tinha ficado com essa cara, com o término do nosso namoro. Não lembro mais do nome dessa menina, hoje deve ser mãe e talvez até mesmo vovó. Mas, guardo com muito carinho na minha lembrança.

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